Angola pode beneficiar da experiência do Brasil para produção de cereais
Angola pode beneficiar da experiência e tecnologia do Brasil para elevar os níveis de produção de grãos e da estratégia de exportação de produtos agrícolas, agro-pecuários, agro-industriais, minerais, energia eólica e solar, assegurou, no final de semana, em Luanda, o presidente da Câmara de Comércio Angola-Brasil, Raimundo Lima.
Em declarações ao Jornal de Angola, no final da “Rodada de Negócios”, evento que juntou 200 empresários angolanos e brasileiros que actuam em diferentes áreas da economia, Raimundo Lima, disse que o Brasil pode trazer igualmente para Angola, técnicos brasileiros ligados à empresa de pesquisa agrária e de outras do sector privado, com o objectivo de contribuírem para o crescimento da produção alimentar no país.
“O Brasil quer contribuir para a redução de custos de produção, porque Angola precisa de produtos baratos com alta qualidade que podem ser comercializados a preços baixos, para que a população possa ter a capacidade de absorvê-los. Para isso, o Governo vai precisar desenvolver as vias de escoamento, aumentar os níveis de fornecimento de energia eléctrica e água nas áreas de produção”, disse.
Para Raimundo Lima, a implementação da agricultura irrigada na província do Cunene, com a participação de técnicos brasileiros, vai ajudar o Governo angolano a reduzir o tempo para realizar estudos, experiências e pesquisas para o fomento do Programa de Desenvolvimento Regional do Vale do Cunene.
“O Vale do Cunene é importante para a cultura irrigada e a experiência do Brasil pode ser aplicada neste projecto para o aumento da produção e da produtividade nacional”, referiu.
Créditos para Angola
Raimundo Lima disse que com a visita do Presidente Lula da Silva a Angola, o Brasil pode voltar a financiar vários projectos do Governo angolano, através da linha de crédito de exportação do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BEDES).
De acordo com gestor, a par deste financiamento, Angola vai precisar que o Brasil forneça recursos financeiros para apoiar as pequenas e médias empresas angolanas para que possam alavancar as suas actividades no mercado.
“Antes da paralisação dos financiamentos em 2015, o Brasil chegou a financiar acima dos 3,8 mil milhões de dólares a Angola, dos quais 3,3 mil milhões, através do BEDES, e 550 milhões de dólares, através do Programa de Exportações do Brasil (PEB)”, disse.
Balanço comercial
Entre Janeiro e Julho deste ano, a balança comercial dos dois países, atingiu 850 milhões de dólares, a favor de Angola, com o aumento das exportações para o Brasil de produtos derivados de petróleo.
De acordo com Raimundo Lima, deste montante, 600 milhões de dólares beneficiaram Angola com a venda dos derivados de petróleo e 250 milhões a favor do Brasil, com as exportações de frango, carne, veículos e equipamentos diversos.
“Em 2008, as trocas comerciais entre Angola e Brasil atingiram quatro mil milhões de dólares. De lá para cá, verificou-se uma queda acentuada”, disse. No ano passado, os dois países atingiram 1,4 mil milhões de dólares, com a venda e compra de produtos diversos.
Relações económicas
O empresário angolano, António Henriques, destacou que o fórum económico e a rodada de negócios, promovidos no âmbito da visita do Presidente Lula da Silva a Angola, vão impulsionar as relações económicas e comerciais entre os dois países.
Para António Henriques, a realização da rodada de negócios e fórum empresarial vai despertar interesse por parte dos empresários angolanos que estão atentos às oportunidades de negócios, que não devem passar apenas de iniciativas, “mas de acções concretas para a implementação de projectos”.
“Estes encontros de negócios servem como um ponto de partida para a expansão das relações económicas e comerciais do Brasil em África, tendo Angola como um parceiro privilegiado”, disse, acrescentando que esses encontros vão proporcionar uma ampla oportunidade para os pequenos e médios empresários.
“Este tipo de eventos visam também despertar a vontade de serem implementadas as ideias e os projectos. Mas, primeiro, o empresário deve perceber o que quer e o tipo de apoio que precisa para ir à luta dos seus investimentos”, referiu.
O empresário disse que participou nos dois encontros para encontrar as melhores vias para ajudar os mais de 60 por cento de pessoas que exercem actividade económica informal, no país, a passarem para a formalidade, através de soluções tecnológicas.
Fazenda do Porto do Lobito
O Instituto Nacional de Controlo de Qualidade (INACOQ), afecto ao Ministério da Indústria e Comércio, atestou, no último final de semana, no município do Lobito, a Fazenda do Porto do Lobito, com a certificação de qualidade e assistência de conformidade técnica, devido ao seguimento correcto de gestão normativa dos processos de produção de diversas culturas agrícolas.
A Fazenda do Porto do Lobito, localizada no perímetro hidro-agrícola da Catumbela, numa área de 16 hectares, dedica-se ao fomento das culturas da banana pão, banana de mesa, repolho, couve, berinjela, feijão e milho, para alimentar os seus funcionários.
A certificação consta do plano estratégico do Instituto Nacional de Controlo de Qualidade, inserido no Programa de Assistência Técnica a Conformidade Normativa, direccionado ao apoio técnico junto das unidades industriais, comerciais, agrícolas, hoteleiras e similares.
Com esta iniciativa, o INACOQ pretende reforçar a sua parceria com o Porto do Lobito, em conformidade com os requisitos das normas de ISO 22000 e de segurança dos alimentos, dando o início da implementação de excelentes práticas agro-pecuárias, com enfoque nos princípios de análise de perigos e pontos críticos de controlo (APPCC), no âmbito da Produção Integral (PI).
O objectivo é garantir a segurança e qualidade dos alimentos produzidos para o aumento da produção e produtividade.
Na ocasião, o Presidente do Conselho de Administração, Celso Rosas, afirmou que quando são utilizadas as melhores práticas agrícolas, a probabilidade de tornar a actividade produtiva é maior e capaz de melhorar a qualidade e segurança alimentar.
O gestor pediu aos trabalhadores da Fazenda agrícola a cumprirem à risca as recomendações do Instituto Nacional de Controlo de Qualidade, colocando em prática os conhecimentos adquiridos durante a formação.
No final, foram entregues certificados aos trabalhadores do Porto do Lobito, que frequentaram o curso de capacitação do sistema de gestão da qualidade alimentar.